Cartunista da revista The New Yorker publica graphic novel sobre a vida de Hannah Arendt

10 de novembro de 2018
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“Three Escapes of Hannah Arendt” acaba de ser lançada nos Estados Unidos. Obra ainda não tem previsão de tradução para o português.

Bruno Leal | Agência Café História

O famoso cartunista da revista norte-americana The New Yorker, Ken Krimstein, acaba de publicar nos Estados Unidos, pela editora Bloomsbury, o livro Three Escapes of Hannah Arendt – A Tyrany of Truth (em tradução livre, As três fugas de Hannah Arendt – Uma tirania da verdade). O livro é uma biografia em formato de graphic novel (no Brasil, romance gráfico) da vida da proeminente filósofa Hannah Arendt.

Os desenhos de Krimstein são feitos todos em preto e branco, exceto Arendt, que está sempre vestindo verde escuro. O material é minimalista e os textos são curtos, o que empresta agilidade à leitura. A escritora e também cartunista Roz Chast, destaca que o trabalho de Krimstein é bastante emocionante e não se limita à trajetória de Hannah Arendt. “É também, através de suas palavras, sobre como viver no mundo, o significado da liberdade, os perigos do totalitarismo e sobre nossa capacidade, como seres humanos, de pensar sobre as coisas e não apenas agir cegamente. Krimstein explica as ideias de Arendt com clareza, inteligência e enorme erudição, e elas ainda ressoam”.

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Hannah Arendt segundo Ken Krimstein. Fonte: http://www.kenkrimstein.com

Sensível e esclarecedor, sem deixar de ser espirituoso, o livro de Krimstein é o retrato de uma mulher complexa, controversa e profundamente inteligente. A obra promete agradar principalmente aos fãs exigentes de outras graphic novels conhecidas, como Persepolis, de Marjane Satrapii, e Logicomix, de Apostolos Doxiadis. Clique aqui para ler um trecho do livro, cujo e-book pela Amazon americana custa 16 dólares.

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Capa do livro, à venda na Amazon dos Estados Unidos.

Quem foi Hannah Arendt

Uma das maiores intelectuais do século XX, Hannah Arendt, nasceu em Linden, na Alemanha, em 1906. Estudou na Universidade de Marburg e na Universidade de Heidelberg, onde foi aluna, respectivamente, dos filósofos Martin Heidegger e Karl Jaspers. Judia, Arendt teve vários de seus direitos civis retirados e foi presa pela Gestapo. Assustada com a escalada da violência nazista, deixou a Alemanha em 1933. Viveu em diversas cidades até se estabelecer em Paris. Quando a capital francesa foi conquistada pelos alemães, em 1941, ela se exilou nos Estados Unidos, onde viveu até o fim de sua vida. Arendt faleceu em Nova York, em 4 de dezembro de 1975. Publicou diversas obras marcantes ao longo da vida, como As Origens do Totalitarismo, de 1951, A Condição Humana, de 1958, e Eichmann em Jerusalém, de 1963.

Além da experiência totalitária do nazismo, que lhe marcou profundamente, Arendt foi uma pensadora original, não se deixando encaixar em classificações político-ideológicas usuais. Provocou polêmica no interior da comunidade judaica ao escrever sobre o conceito de banalidade do mal, após acompanhar o julgamento de Adolf Eichmann, em Jerusalém, em 1961. Também causou frisson ao estudar as semelhanças e diferenças entre os regimes stalinista e nazista do ponto de vista da repressão. Manteve diálogo importante com diversos intelectuais no pós-guerra, inclusive com o seu antigo mestre, Heidegger, cuja adesão à ideologia nazista foi motivo de muitas reflexões da filósofa.


Como citar essa notícia

CARVALHO, Bruno Leal Pastor de. Cartunista da revista The New Yorker publica graphic novel sobre a vida da filósofa Hannah Arendt (notícia).  In: Café História – história feita com cliques. Disponível em: https://www.cafehistoria.com.br/teoria-da-historia-na-wikipedia/‎. Publicado em: 10 nov. 2018. Acesso: [informar data].

Bruno Leal

Fundador e editor do Café História. É professor adjunto de História Contemporânea do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB). Doutor em História Social. Tem pós-doutorado em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisa História Pública, História Digital e Divulgação Científica. Também desenvolve pesquisas sobre crimes nazistas e justiça no pós-guerra.

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