Dicas de livros: junho de 2014

4 de junho de 2014
O Réu e o Rei | Companhia das Letras | 2014 | 521 pp.

O réu e o rei

Em novembro de 2006, o historiador Paulo César de Araújo lançou a biografia “Roberto Carlos em detalhes”, rapidamente convertida em um fenômeno estrondoso de público e crítica. O lançamento da obra, no entanto, não agradou uma pessoa: o biografado, que iniciou uma cruzada (até agora vitoriosa) para tirar o livro de circulação. O livro “O Réu e o Rei”, lançado em maio deste ano pela Companhia das Letras, conta todos os capítulos desta incrível (e nefasta) história. Mas é preciso dizer que o livro de Paulo César representa muito mais do que uma narrativa sobre o seu imbróglio pessoal com o eterno ícone da Jovem Guarda. Em “O Réu e o Rei”, Paulo César explica como a sua vida (e a de milhões de brasileiros), está ligada a música de Roberto Carlos. Em paralelo, o autor conta ainda como se deu a execução de um projeto de pesquisa de mais de 15 anos sobre música popular brasileira. Por fim, o livro é uma defesa comovente e altamente embasada da liberdade de pensamento, de expressão e do livre exercício da escrita da história. Um livro marcante e que já podemos dizer obrigatório para todos aqueles que exercem o difícil, porém maravilhoso ofício do historiador. Confira mais aqui.

Poder, Riqueza e Moeda | FGV | 2014 | 287 pp.

Poder, riqueza e moedaO livro “Poder, Riqueza e Moeda na Europa Medieval” nasceu da tese defendida pelo economista e pesquisador Maurício Metri, em seu doutorado em Economia da Indústria e da Tecnologia, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Lançado pela FGV Editora em parceria com a FAPERJ, o livro defende a tese que a moeda é uma criação do poder e está sempre a serviço da acumulação do poder, mesmo enquanto opera a serviço da multiplicação da riqueza privada. Para sustentar esta tese, que rompe com um mainstream econômico, Metri recorre à origem do seu sistema interestatal capitalista, no “longo século XIII” (1150-1350), para mostrar como príncipes cunharam suas primeiras moedas soberanas para dar liquidez aos tributos e financiar guerras de conquistas; e como foi que se estruturou – naquele momento – um verdadeiro “mosaico monetário”, no território europeu, criando as condições para o surgimento do mercado de câmbio e das primeiras formas de riqueza financeira. Para além do meramente econômico, o livro é também um convite a conhecer a vida social e política da República de Veneza nos séculos XIII e XV. A tese de doutorado conta com a importante chancela de José Luis Fiori, orientador de Metri na UFRJ. Veja mais sobre o livro aqui.

Uma Nova História do Mundo| m.Books | 2014 | 318 pp.

Uma nova história do mundo

Dos primeiros hominídeos a chamada “primavera árabe”. É com esta proposta megalomaníaca que o historiador Alex Woolf acaba de lançar no Brasil, pela editora m.Books, o livro “Uma Nova História do Mundo”. Livros-sínteses como esse, no entanto, não são estranhos ao universo da história. Esse é um modelo que um número cada vez maior de pessoas que gostam de história, mas que não possuem essa formação acadêmica, estão em busca hoje em dia. É justamente para esse público que Woolf escreve. Não é uma tarefa fácil, mas Woolf conta pra isso com uma edição cuidadosa, cheia de imagens, box e diagramação ágil. Cada capítulo é bem curto e a linguagem é bem simples e direta, o que é altamente compatível com o objetivo do livro: ser uma leitura rápida, não necessariamente linear e que pode ser feita numa rede, quando se está de férias, ou na volta pra casa, dentro do metrô, depois de um dia de trabalho. Alex Woolf estuou história na Universidade de Essex. Foi editor durante 15 anos e é escritor há seis, já tendo publicado mais de 30 livros, abordando os mais diversos assuntos, de romanos e vikings a quebra de Wall Street. Quer saber mais sobre esse livro? Então, acesse aqui.

Bruno Leal

Fundador e editor do Café História. É professor adjunto de História Contemporânea do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB). Doutor em História Social. Tem pós-doutorado em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisa História Pública, História Digital e Divulgação Científica. Também desenvolve pesquisas sobre crimes nazistas e justiça no pós-guerra.

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