Ato público contra as demissões no CPDOC/FGV acontece na próxima segunda-feira no Rio

16 de fevereiro de 2018
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Aberto ao público acadêmico e não acadêmico, o ato é organizado por alunos da graduação e da pós-graduação, em parceria com a Associação de Funcionários da FGV, o Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro e a UERJ.

Ana Paula Tavares | Agência Café História

As demissões das historiadoras Luciana Heymann, Dulce Pandolfi, Verena Alberti e Mônica Kornis do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC/FGV) ainda repercute no meio acadêmico. Um ato contra as demissões acontece na próxima segunda-feira, dia 19/02, no primeiro piso da sede da instituição, localizada na Praia de Botafogo, 190, no Rio de Janeiro. O evento contará com panfletagem, confecção de cartazes e carro de som, trazido pelo Sinpro-Rio. Às 11h ocorre a concentração e às 12h o início do ato. Aberta a todos, a manifestação, intitulada “Porque aqui tem História”, é organizada pelos alunos da graduação em Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em História, Política e Bens Culturais. Também participarão do ato contra as demissões no CPDOC a Associação de Funcionários da FGV (ASFGV) e o Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro (Sinpro-Rio) e a UERJ.

Ato público contra as demissões no CPDOC/FGV acontece na próxima segunda-feira no Rio 1
Arte de divulgação do ato, que acontece na próxima segunda-feira, dia 19 de fevereiro de 2018.

Com um trabalho amplamente reconhecido no campo da História e das Ciências Sociais no Brasil, Heymann, Pandolfi, Alberti e Kornis foram demitidas com um espaço médio de uma semana entre uma e outra desde o início de janeiro deste ano. A justificativa alegada: cortes de orçamento devido a dificuldades financeiras. Para o jornal O Globo, no entanto, a FGV enviou nota alegando que “ignora qualquer crise”.

As circunstâncias das demissões também são motivo de polêmica. A demissão das quatro pesquisadoras pegou parte do corpo docente da instituição de surpresa – eles encaminharam à direção um pedido de revisão das decisões e de esclarecimentos, mas não obtiveram resposta (ao menos, de forma coletiva e oficial). A forma como foram conduzidos os desligamentos parece desconsiderar tanto a relevância das professoras para a produção de conhecimento no país, como o longo tempo de casa – Pandolfi entrou para o CPDOC em 1978, Alberti em 1981 (como estagiária), Heymann em 1986 e Kornis em 1991.

A escolha dos “cortes” de pessoal ficou pouca clara também para os alunos. Há pouco mais de um ano, Heymann deixou o cargo de coordenadora de pós-graduação após conduzir o programa por quase todo o período de avaliação da CAPES – que resultou no aumento da nota do curso. Pandolfi foi demitida no mesmo dia em que foram abertas as inscrições em disciplinas para o primeiro semestre da pós-graduação – a disciplina “História, Ditadura e Democracia: novas abordagens” que ela ministraria ainda constava no sistema (e no site). As quatro pesquisadoras parecem ter ainda orientações de mestrado e doutorado em andamento.

Ato público contra as demissões no CPDOC/FGV acontece na próxima segunda-feira no Rio 2
Sede da Fundação Getúlio Vargas, na Praia de Botafogo, no Rio de Janeiro. Foto: Google Maps.

A falta de diálogo com a direção do CPDOC e a presidência da FGV têm gerado um clima de insegurança quanto ao futuro do Centro de Pesquisa e os cursos da área. Além do ato marcado para o próximo dia 19 de fevereiro, no Rio de Janeiro, uma petição foi organizada “Contra a destruição do CPDOC/FGV: pela readmissão das professoras”, e já conta com 2.861 assinaturas. Confira aqui.

Mulheres que fazem história

Após o ato do dia 12.03, ainda será realizado na UERJ, às 14h, o encontro “Mulheres que fazem História”, com palestras das quatro professoras, em homenagem a elas e como celebração do dia da mulher. A realização deste evento é uma parceria entre os cursos de Educação e História da UERJ, da graduação em História e Ciências Sociais (DAHCS) e dos alunos da pós-graduação em História, Política e Bens Culturais da FGV.

Bruno Leal

Fundador e editor do Café História. É professor adjunto de História Contemporânea do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB). Doutor em História Social. Tem pós-doutorado em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisa História Pública, História Digital e Divulgação Científica. Também desenvolve pesquisas sobre crimes nazistas e justiça no pós-guerra.

6 Comments

  1. Não sei como conceituar um governo que deprime a escola. A princípio, bradam no meu cérebro A INTENÇÃO desse dESsGOvErNO, denegar a capacidade
    de pensar do povo eleitor, que receberá uma dentura, alguns, uma cesta básica com produtos vencidos e rexuados por quem pode adiquiri-los, pra votar num cara tipo bolsonaro, , aecin PÓ-brema, ou ronaldo ccaida, tudo ficha suja.ALGUNS UMA CETA BÁCICA DE PRODUTO PODRRES, PRQ VOTAR NUM CARA TIPO O BOLSONAARO OU O AECIN pro-

  2. Filh@s e Net@s por Memória, Verdade, Justiça, Reparação de Danos Morais, Materiais, Financeiros, Ambientais desde 1946.
    OS QUE FICARAM COM BÔNUS ARQUEM ÔNUS
    “… e foi proclamada a escravidão…a Leopoldina virou trem Dom Pedro é uma estação também… Getúlio Vargas é Fundação e genro do genro é o Angorá.

  3. Foram desrespeitosos os atos de demissão das professoras e pesquisadoras do CPDOC. Quais as razões, caso elas existam, para as demissões? Que critérios foram empregados para conduzir as demissões? Pesquisadoras com longa vida de trabalho na instituição são demitidas, assim… O que fazer além de demonstrar nossa indignação?

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