10 filmes sobre a ditadura militar no Brasil

A produção cinematográfica sobre a ditadura brasileira é vasta e diversa. Ela inclui filmes de ficção, documentários, animações e curtas-metragens. Esses filmes ajudam a revelar histórias nem sempre conhecidas.
26 de março de 2023
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Cena do filme de "O homem em que meus pais saíram de férias", de 2006.

O cinema é uma das principais formas de reflexão sobre a história e a cultura de um país, e no caso da ditadura militar brasileira, não é diferente. O cinema brasileiro foi e tem sido fundamental para denunciar as violações dos direitos humanos, a censura e a repressão durante o regime militar, além de trazer reflexões sobre a memória e a responsabilidade histórica do país.

A produção cinematográfica sobre a ditadura brasileira é vasta e diversa. Ela inclui filmes de ficção, documentários, animações e curtas-metragens. Esses filmes ajudam a revelar histórias e memórias que muitas vezes foram silenciadas, e permitem que as novas gerações tenham acesso a um registro crítico e consciente sobre esse período sombrio da história brasileira.

Além disso, o cinema também foi (e ainda é) uma forma de resistência e enfrentamento ao regime, além de material de análise de produção subjetiva para historiadores e historiadoras que se estudam o campo.

Abaixo, você pode conferir dez bons filmes sobre ditadura militar, e com eles aprender sobre essa dura página da história republicana brasileira. São filmes que mostram o vigor do chamado “cinema da retomada”.

“O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias” (2006)

Dirigido por Cao Hamburger, o filme é ambientado em 1970. Ele conta a história de um garoto comum de 12 anos deixado pelos pais em um bairro de São Paulo antes de serem obrigados a fugir da ditadura militar. Sozinho, ele é acolhido pelos vizinhos e aprende sobre amizade e solidariedade em tempos difíceis.

“Zuzu Angel” (2006)

Dirigido por Sergio Rezende, o filme conta a história da conhecida estilista mineira Zuzu Angel, que lutou para encontrar o corpo de seu filho, desaparecido durante a ditadura militar. Ela enfrentou o governo e a censura para denunciar as violações dos direitos humanos e exigir a verdade sobre o que havia acontecido com seu filho. No filme, Daniel de Oliveira faz o filho, enquanto Zuzu Angel é interpretada por Patrícia Pillar.

“Batismo de Sangue” (2007)

Dirigido por Helvécio Ratton, o filme se baseia no livro homônimo de Frei Betto. Trata-se da história de um grupo de frades dominicanos que se envolveram com a luta armada contra a ditadura militar e acabaram presos e torturados. O filme retrata a luta pela sobrevivência e as escolhas difíceis que eles tiveram que fazer para manterem-se firmes em seus ideais. No elenco, estão nomes conhecidos da teledramaturgia brasileira, como Caio Blat, Daniel de Oliveira e Cássio Gabus Mendes

“O Que É Isso, Companheiro?” (1997)

Dirigido por Bruno Barreto, o livro se baseia no livro homônimo de Fernando Gabeira, jornalista, ex-deputado federal e atualmente comentarista do canal GloboNews. O filme conta a história do sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick, no Brasil, em 1969, por um grupo de guerrilheiros. O filme tem pegada ágil e retrata o clima de repressão e o desejo de mudança que levaram a ações radicais contra o regime militar. Fez enorme sucesso na época de lançamento.

“O dia que durou 21 anos” (2013)

Dirigido por Camilo Tavares. A produção se apoia em documentos secretos e gravações originais da época mostram a influência do governo dos Estados Unidos no Golpe de Estado no Brasil em 1964. O documentário destaca a participação da CIA e da Casa Branca na ação militar que deu início à ditadura.

“Cabra Marcado Para Morrer” (1984)

Dirigido por Eduardo Coutinho, o documentário que conta a história de João Pedro Teixeira, líder camponês assassinado pela ditadura militar em 1964. Coutinho retoma o projeto de filmagem do filme que havia sido interrompido pela censura, durante ainda a ditadura, e reencontra anos depois os camponeses que participaram do projeto original para recontar a história de João Pedro e da luta pela reforma agrária. É considerado um marco no cinema documental brasileiro.

“Deslembro” (2019)

Dirigido por Flavia Castro. O filme conta a história de Joana, uma adolescente que retorna ao Brasil com sua família após passar grande parte da vida exilada na França durante a ditadura militar brasileira. Joana lida com as mudanças culturais e a saudade da França, enquanto tenta descobrir mais sobre seu passado e a história de sua família. O filme traz reflexões sobre a memória, a identidade e a reconciliação.

“Diário de uma Busca” (2010)

Neste documentário, a cineasta Flavia Castro investiga o desaparecimento de seu pai, um militante comunista durante a ditadura militar no Brasil. A diretora usa o material de arquivo e entrevistas com familiares e amigos para traçar um retrato de seu pai e sua história política, enquanto também explora as relações familiares e a construção da identidade.

“Cidadão Boilesen” (2009)

Documentário dirigido por Chaim Litewski que explora a relação do empresário dinamarquês Henning Boilesen com a ditadura militar brasileira. O filme usa entrevistas, imagens de arquivo e documentos para traçar um perfil de Boilesen, que foi presidente da Ultragaz e também colaborou financeiramente com o regime militar, além de ter sido um dos torturadores do famoso jornalista Vladimir Herzog. O documentário mostra como Boilesen financiou diversas atividades do regime, incluindo a repressão aos movimentos sociais e a tortura de presos políticos.

“Em Busca de Iara” (2003)

Dirigido de Flávio Frederico e Mário Bortolotto, o documentário busca esclarecer as circunstâncias da morte de Iara Iavelberg, militante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), em 1971, aos 27 anos. Até 2003 sua era oficialmente registrada como suicídio.

Bruno Leal

Fundador e editor do Café História. É professor adjunto de História Contemporânea do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB). Doutor em História Social. Tem pós-doutorado em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisa História Pública, História Digital e Divulgação Científica. Também desenvolve pesquisas sobre crimes nazistas e justiça no pós-guerra.

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