Historiador fala sobre relação entre calvinismo brasileiro e bolsonarismo

22 de julho de 2020
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Historiador fala sobre relação entre calvinismo brasileiro e bolsonarismo 1

História colaborativa 

Judith Miller, professora do Departamento de História da Universidade de Emory, nos Estados Unidos, desenvolveu um documento colaborativo no Google Docs bem interessante. Nele, a pesquisadora, com a ajuda de outros pesquisadores, estudantes e professores, está reunindo boas iniciativas e projetos de história na internet: aulas on-line, plataformas, sites, blogs, acervos e atividades. O arquivo, que já tem muita coisa boa e não para de crescer, pode ser usado tanto por historiadores quanto por quem não é da área. Ótima pedida em tempos de pandemia. Se você sabe um pouquinho de inglês, não deixa de conferir.

Napoleão em Santa Helena 

Em julho de 1815, Napoleão foi capturado pelos britânicos e enviado para ser preso na ilha de Santa Helena, onde passaria o restante de sua vida. A “Lei de Santa Helena” foi aprovada no ano seguinte. Ela regulava a comunicação com a ilha e quem foi autorizado a entrar na ilha enquanto Napoleão estava detido lá.

Mais divulgação científica 

No dia 16 de julho, participei, convidado pela Associação Nacional de História, do debate “Divulgação Cientifica e Direito à História”. Além de mim, também participaram papo a historiadora Cristina Meneguello e (UNICAMP) e Benito Bisso Schmidt (UFRGS). Se você não pôde acompanhar o debate ao vivo, ele está disponível na íntegra aqui.

Calvinismo e conservadorismo

O historiador Zózimo Trabuco publicou um pequeno artigo no site “Teologando na Serra”. Vale a pena a leitura. Nele, Zózimo faz uma reflexão muito interessante: do ponto de vista ideológico, o apoio evangélico mais importante ao bolsonarismo não vem dos setores pentecostais e neopentecostais, mas do calvinismo. “Pentecostais e neopentecostais podem constituir uma base de apoio importante para o bolsonarismo, mas o núcleo ideológico de defesa do projeto cristofascista se encontra no neocalvinismo à brasileira, em especial presbiterianos e batistas”, diz Trabuco, que é professor de História da UFOB e especialista na relação entre política e religião.

“Notas de Rodapé” é a coluna de Bruno Leal, editor do Café História. Aqui você encontra notícias curtas, informações sobre eventos, dicas de livros, reflexões sobre a presença da história no tempo presente, sugestões de filmes, pensamentos sobre o ofício do historiador e muitas outras coisas legais que esse divulgador científico for encontrando pelo meio do caminho. Tem alguma pauta? Escreva para a coluna.

Leia outras edições do Notas de Rodapé

Bruno Leal

Fundador e editor do Café História. É professor adjunto de História Contemporânea do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB). Doutor em História Social. Tem pós-doutorado em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisa História Pública, História Digital e Divulgação Científica. Também desenvolve pesquisas sobre crimes nazistas e justiça no pós-guerra.

10 Comments

  1. Nota muito interessante sobre Calvinismo e o conservadorismo, tema atual e importante para traçar os panoramas das próximas eleições.

  2. Toga, Farda e Batina de 1964 trocados por Terno, Gravata, Milicianos, Calvinistas, Toga e Farda. Novas moscas na mesma merda

  3. Um indivíduo interessante para objeto de estudo da orientação autoritária de parte da Igreja Prebesteriana durante a Ditadura é o educador e teólogo Rubem Alves que era pastor, formado no seminário prebesteriano, e foi perseguido pela ditadura com anuência da liderança prebesteriana da época. Rubem Alves deixou de se pastor por um tempo e fugiu para os Estados Unidos.

  4. Olá prof Bruno Leal, acompanho o Café História e sou muito grato pelas postagens. Estou pesquisando no mestrado o impacto do revisionismo histórico, no seu aspecto negacionista, no ensino de história.Já encontreii muito materiais em revistas e sites que não são especializadas em história. Você poderia sugerir teóricos que tem trabalhado com esse tema? Grato. Um grande abraço

    • Com certeza. Basicamente não foi nas fontes primárias e também não demonstrou conhecimento do movimento reformado. A questão de ter um núcleo de calvinistas que votaram o em Bolsonaro em nada tem a ver com fascismo, mas pelo fato dos candidatos concorrentes apoiarem ideias diametralmente opostas e bem mais agressivas à fé cristã em detrimento dos outros. Já foram feitas propostas por grandes referências dos partidos concorrentes como acabar com dia das mães ou pais nas escolas, “dar outro significado” para a ideia de pai e mãe, mas cuidador. Tirar dos pais o dever da educação dos filhos e passar ao estado, algo que deveria ser apenas o ensino. Karl Bart, Dietrich Bonhoeffer, foram perseguidos pelos nazifascistas pelo fato de não aceitarem as modificações na bíblia (e olha que o Karl Bart era liberal).

      Outro fator é base filosófica progressista que diverge com a perspectiva cristã, que parte do princípio que o homem é bom e a sociedade que distorce, a ideia do bom selvagem de Rousseau, ligadas à visão de mundo dos concorrentes que é totalmente oposta às ideias bíblicas. Também é nítido que os grandes expoentes do protestantismo calvinista brasileiro faz suas críticas ao governo Bolsonaro quando necessário, inclusive aqueles que admitem que votaram nele. Paulo Jr, Augustus Nicodemos, Hernandes Dias Lopes, Marcos Granconato, são muito claros em que o verdadeiro cristão não deposita sua fé em governantes e tão pouco acredita que eles são salvadores da pátria.

      Se de um lado, você tinha um defensor do regime militar (que também fez coisas horríveis, tortura, etc) do outro, havia defensores de regimes como o venezuelano que faz o mesmo, em maior escala e colocou inúmeras pessoas na miséria, fome e retirada da dignidade, um pouco mais ao centro, existiam aqueles que passam panos quentes à perseguição religiosa em um grande país asiático e o governador desse partido, inclusive, já disse que admira as políticas do país, que não tem nenhuma crítica a fazer.

      Entendo a boa vontade de pesquisar o assunto, e é válida para estabelecer o debate, mas fazer afirmações com base nos pareceres de apenas um lado e não evidenciar as posições do outro, desconhecê-las ou, pior, conhecer e não comentar é algo um tanto problemático.

      Henrique, parabéns pelas referências!.

  5. Completo absurdo! Matéria ruim, mal intencionada e completamente sem fundamentos, o termo fascismo não cabe ao governo Bolsonaro e muito menos ao Cristianismo.

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