“Corporativismos” é destaque em novo número de revista de História da UFF

1 de fevereiro de 2019
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Novo dossiê da Revista Tempo foi organizado pelas pesquisadoras Cláudia Viscardi (UFJF) e AnnaRita Gori (ICS-ULisboa). Brasil viveu modelo de corporativismo com Getúlio Vargas.

Bruno Leal | Agência Café História

A Revista Tempo publicou nesta quinta-feira, na plataforma Scielo, o seu primeiro número deste ano. O carro-chefe da edição é o dossiê temático “Corporativismos: experiências históricas e suas representações ao longo do século XX”, coordenado pelas pesquisadoras Cláudia Viscardi (UFJF) e AnnaRita Gori (ICS-ULisboa).

Corporativismo(s)

Em linhas gerais, o corporativismo pode ser descrito como uma ideologia política surgida na primeira metade do século XX e que defende a ideia de que uma sociedade deve ser organizada a partir de mecanismos corporativos: associações, sindicatos, ordens profissionais ou conselhos econômicos, por exemplo.

Nos países que experimentaram o corporativismo (ou formas dele), caso do Brasil de Vargas, essas corporações foram fortemente controladas pelo Estado, almejavam eliminar conflitos de opinião, estabelecer consensos e diminuir o poder do indivíduo na política. Por isso, o corporativismo é frequentemente caracterizado na literatura especializada como uma ideologia contrária à democracia liberal que é baseada no voto, nos partidos políticos e nos meios legislativos como canais de representação social.  

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Manifestação pró-Vargas no 1º de Maio de 1944. Estádio do Pacaembú, SP. Foto: CPDOC/FGV.

No texto que apresenta o dossiê da Tempo, as duas organizadoras destacam que “o corporativismo é um fenômeno histórico que afetou a agenda social, econômica e política de vários países, na Europa e na América Latina, ao longo do século XX”.

Viscardi e Gori explicam ainda que os estudos publicados na revista “procuram oferecer um novo olhar acerca do fenômeno do corporativismo ao revelar sua poliedricidade política e sua duração de longo prazo”. E completam: “Em particular, o dado mais inovador que emerge da leitura dos textos aqui recolhidos é a análise da capacidade de adaptação e preservação – no que diz respeito a alguns aspectos -, bem como de remoção – no tocante a outros -, que o corporativismo teve dentro das grandes mudanças e os desafios que caracterizaram as sociedades ocidentais ao longo do século XX”.

Os artigos

Além da apresentação escrita por Viscardi e Gori, o novo dossiê da revista é formado por quatro artigos:

“Governar a modernidade: A representação corporativo-empresarial no projeto dos conselhos industriais ingleses de entreguerras”, de Valerio Torreggian;

“O momento forte do corporativismo: Estado Novo e profissionais liberais”, de Marco Aurélio Vanuchi;

“Um legado inconveniente: corporativismo e cultura católica do Fascismo à República”, de Maurizio Cau;

“Do corporativismo até a “fundação do trabalho”: observações das culturas políticas durante o Fascismo e a República Italiana”, de Laura Cerasi;

“A construção do sistema corporativo em Portugal (1933-1974)”, uma coautoria de Nuno Estêvão Ferreira e Dulce Freire.

Outras novidades da edição

O novo número da Revista Tempo traz ainda duas resenhas, a segunda parte da entrevista com Javier Fernández Sebastián, professor da Universidad del País Vasco, em Bilbao, Espanha, e oito artigos que abordam diferentes temáticas e temporalidades.

Um dos artigos avulsos desta edição é escrito por Kaori Kodama, da Casa de Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. Nele, Kodama examina a vulgarização das ciências no Brasil no fim do século XIX. Para isso, a pesquisadora explora os fascículos Sciencia para o Povo, editado por Feliz Ferreira, autor de livros didáticos para o ensino de meninas e meninos que foram utilizados no Liceu de Artes e Ofícios e adotados pela Instrução Pública da Corte. Defensor do ensino das ciências como base da educação popular, Ferreira foi um “vulgarizador das ciências”. Para ler “A presença dos vulgarizadores das ciências na imprensa: a Sciencia para o Povo (1881) e seu editor, Felix Ferreira”, acesse aqui.

Revista Tempo

Fundada em 1996, A Revista Tempo é um periódico científico do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense (UFF). Seu acesso é aberto e ela é avaliada pela Capes com o conceito máximo de A1.

Desde 2016, a Tempo tem sido publicada três vezes ao ano. A revista se dedica à publicação de artigos originais (artigos avulsos e artigos em dossiês), resenhas e entrevistas em português, inglês, espanhol e francês. Os autores são todos doutores.

O título abreviado do periódico é Tem, que deve ser usado em bibliografias, notas de rodapé, referências e legendas bibliográficas. A coleção inteira da revista está disponível em: http://www.historia.uff.br/tempo/site/

E veja também

A historiadora Claudia Viscardi, que organiza o dossiê temático da Revista Tempo sobre “Corporativismos”, já foi entrevistada pelo Café História – clique aqui para ler. Na entrevista, a professora do Departamento de História da Universidade Federal de Juiz de Fora fala sobre o livro dela, ““Unidos Perderemos: a construção do federalismo republicano no Brasil”, que trata a montagem do regime republicano no Brasil, desde a atuação do movimento republicano até o fim do governo Campos Sales, em 1904.

Como citar esta notícia

CARVALHO, Bruno Leal Pastor de. “Corporativismos” é destaque em novo número de revista de História da UFF (notícia).  In: Café História – história feita com cliques. Disponível em: https://www.cafehistoria.com.br/corporativismos-dossie-tematico/. Publicado em: 1o fev. 2019.

Bruno Leal

Fundador e editor do Café História. É professor adjunto de História Contemporânea do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB). Doutor em História Social. Tem pós-doutorado em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisa História Pública, História Digital e Divulgação Científica. Também desenvolve pesquisas sobre crimes nazistas e justiça no pós-guerra.

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