Alexandre da Grécia, em foto com uniforme militar preto e branca. Ele comandou o país durante a Primeira Guerra Mundial.
Alexandre da Grécia, morto por um macaco. Foto: Charles Chusseau-Flaviens - Royal Collection RCIN 2365086

O rei grego que sobreviveu à Primeira Guerra Mundial, mas não a uma mordida de macaco

O Rei Alexandre, da Grécia, tinha planos de expansão territorial para o país no pós-guerra, mas uma morte bizarra estava no seu caminho.
31 de janeiro de 2025

No final de 1916, durante a Primeira Guerra Mundial, a Grécia mergulhava no caos. O rei Constantino I, cunhado de Guilherme II, imperador da Alemanha, optara pela neutralidade no conflito. No entanto, sua decisão entrou em choque com a posição de seu primeiro-ministro, Elefthérios Venizélos, que defendia a entrada do país na guerra ao lado dos Aliados.

Com o apoio de parte dos oficiais do exército grego, Venizélos liderou um golpe e formou um governo rival em Salônica, respaldado pelos Aliados. Nos dias seguintes, regiões da Grécia já ocupadas pelas forças aliadas reconheceram esse novo governo, aumentando ainda mais a pressão sobre Constantino, que tentou manobras para se manter no poder.

Em 11 de junho de 1917, 9.500 soldados aliados desembarcaram no istmo de Corinto, isolando Atenas de Constantino e exigindo sua abdicação. No mesmo dia, o rei partiu para o exílio na Suíça com o seu filho mais velho, Jorge. Seu filho mais novo, Alexandre, assumiu o trono em 12 de junho. Venizélos, que se tornara primeiro-ministro, aceitou Alexandre como rei porque tinha controle sobre ele. Poucas semanas depois, em 29 de junho de 1917, a Grécia entrou na guerra ao lado dos Aliados.

O macaco

Apesar de estar sob a influência de Venizélos, Alexandre conseguiu manter uma estabilidade básica do país durante o conflito. Após o fim da guerra, ele e Venizélos planejavam expandir a Grécia para territórios que haviam pertencido ao extinto Império Otomano. No entanto, um incidente inesperado mudou o rumo da história.

O rei grego que sobreviveu à Primeira Guerra Mundial, mas não a uma mordida de macaco 1
Dois macacos-de-gilbratar no Berlin Tierpark. Espécie que mordeu o Rei. Foto: A. Savin.

Em 2 de outubro de 1920, Alexandre passeava pelo Palácio Real de Tatoi, nos arredores de Atenas, quando seu pastor-alemão, Fritz, se envolveu em uma briga com um macaco-de-Gibraltar domesticado que vivia no local. Ao tentar separar os animais, o rei foi mordido na perna e no torso pelo macaco.

A princípio, o ferimento parecia inofensivo, e Alexandre retomou sua rotina. Contudo, a lesão infeccionou e ele desenvolveu septicemia, uma infecção generalizada por bactéria. Apesar dos esforços médicos, o jovem monarca morreu em 25 de outubro de 1920, aos 27 anos. Em dezembro, seu pai, o ex-rei Constantino I, voltou à Grécia, após anos de exílio, e reassumiu o trono.

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Bruno Leal

Fundador e editor do Café História. É professor adjunto de História Contemporânea do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB). Doutor em História Social. Pesquisa História Pública, História Digital e Divulgação Científica. Também desenvolve pesquisas sobre crimes nazistas, justiça no pós-guerra e as duas guerras mundiais. Autor de "Quero fazer mestrado em história" (2022) e "O homem dos pedalinhos"(2021).

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