Livro examina trajetória de pintor que retrata a presença, a luta e a imaginação da negritude afro-brasileira

O livro Arjan Martins apresenta um extenso panorama da trajetória do artista plástico carioca que, em diálogo com a tradição moderna da pintura ocidental, vem retratando em sua obra a negritude afro-brasileira enquanto presença, memória e imaginação
5 de março de 2023

O livro Arjan Martins apresenta um extenso panorama da trajetória do artista plástico carioca que, em diálogo com a tradição moderna da pintura ocidental, vem retratando em sua obra a negritude afro-brasileira enquanto presença, memória e imaginação. De caráter multitemporal e plurigeográfico, seu universo temático surge como uma amálgama de presente e passado, África e Brasil, para abordar uma história marcada pela luta, pelo luto e pela criação. O volume, com organização de Pablo Miyada, curador do Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, chega às livrarias em edição bilíngue pela Editora Cobogó.

Arjan começou a frequentar os cursos livres da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, na década de 1990. Após um período de intensa produção que dava destaque a figuras anatômicas, sua obra foi aos poucos se conduzindo para a criação de desenhos e croquis nos quais desenvolveu uma técnica pictórica que mistura espaços vazios a texturas, colorações e composições intensas e variadas. Os rostos de suas figuras negras são muitas vezes borrados em pinceladas aflitas e elegantes, traduzindo uma negação da identidade com gestos que multiplicam as direções expressivas contidas na forma.

No que Miyada define como “cartografias mnemônicas das histórias e do presente do povo negro”, as imagens de imigrantes e descendentes africanos são parte fundamental do repertório do artista, evocando questões como herança colonial, identidade étnica, segregação e invisibilidade. “A poética e o imaginário de Arjan Martins convidam a permanecer em um estado de travessia, percorrendo o negro oceano que liga a África, a Europa e as Américas em jornadas que se cruzam com as de diversos pensadores da diáspora negra, como Frantz Fanon, Édouard Glissant, Derek Walcott, Achille Mbembe e Paul Gilroy – que, no Brasil, costumam ser lidos em diálogo com pensadores como Lélia Gonzalez, Beatriz Nascimento, Abdias Nascimento e Zózimo Bulbul”, completa o organizador.

Livro examina trajetória de pintor que retrata a presença, a luta e a imaginação da negritude afro-brasileira 1

Artista: Arjan Martins

Organizador: Paulo Miyada

Língua: Bilíngue (português/inglês)

Número de páginas: 184 pp

ISBN: 978-65-5691-018-5

Formato: Capa dura

Dimensões: 21,5 x 28 cm

Ano de publicação: 2020

Preço: R$ 135,00

Editora: Cobogó

O livro reproduz mais de 100 telas do pintor, cuja obra já foi exposta em algumas das instituições mais importantes do Brasil – entre elas MAM SP, MAM Rio, Instituto Tomie Ohtake e MAR (Museu de Arte do Rio) – e apresentada em importantes bienais pelo mundo, como a de Dakar e a do Mercosul. A publicação traz também um ensaio de Pablo Miyada e outro do crítico e historiador de arte Michael Asbury, professor-associado da Chelsea College of Art e da University of the Arts London, além de uma entrevista, realizada pela historiadora Raquel Barreto, na qual Arjan revê sua trajetória e detalha inspirações e inquietações.

“Tem muito material que me torna um artista, mas que não necessariamente são temas artísticos”, afirma. “Às vezes está dentro da ciência política, dentro da economia, dentro da história. Enfim, acho que existe uma convergência de temas e de suportes também. O que pode me tornar um artista é um pouco o meu modo de receber essas informações e como eu as devolvo ao mundo. Entendendo que a pintura ainda é um meio, um dispositivo com o qual você pode chegar até as pessoas. A pintura remonta à história da arte, mas o seu recado é mais horizontal. Acho que é isso que me torna um artista: esse atrito, essa zona de inconformismo obsessivo construtivo.”

Sobre Arjan Martins

Nascido no Rio de Janeiro em 1960, onde hoje vive e trabalha, Arjan Martins iniciou seus estudos artísticos na década de 1990, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Sua obra foi apresentada em diversas das instituições mais importantes do Brasil, como MAM SP, MAM Rio, Instituto Tomie Ohtake e MAR (Museu de Arte do Rio). Nos últimos anos, participou da residência artística na Rema Hort Mann Foundation, em Nova York, em 2020, onde expôs a obra Desarmado. Em 2019, apresentou uma mostra individual no The Armory Show e participou da coletiva Against Again: Art Under Attack in Brazil, na John Jay College Gallery (CUNY), ambas em Nova York. Em seu currículo acumula ainda os Prêmios PIPA 2018, o Prêmio de Residência Artística na África, promovido pelo Goethe Institut na cidade de Lagos, na Nigéria em 2017 e o Prêmio Projéteis de Arte Contemporânea, da Funarte em 2015. Em abril de 2021 a exposição individual Descompasso Atlântico entrou em cartaz na galeria A Gentil Carioca, no Rio de Janeiro.

Sobre o organizador

Paulo Miyada é curador-chefe do Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, onde implementou o programa Arte Atual, cofundou a Escola Entrópica e realizou mostras como Nelson Felix: Verso (2013), Tomie Ohtake 100-101 (2015) e Osso: Exposição apelo ao Amplo Direito de Defesa de Rafael Braga (2017). Foi curador da 34ª Bienal de São Paulo, em 2020, e organizador de livros como AI-5 50 ANOS – Ainda Não Terminou de Acabar e Aprendendo Com Dorival Caymmi Civilização Praieira.

Com informações e texto da Editora Arjan começou a frequentar os cursos livres da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, na década de 1990. Após um período de intensa produção que dava destaque a figuras anatômicas, sua obra foi aos poucos se conduzindo para a criação de desenhos e croquis nos quais desenvolveu uma técnica pictórica que mistura espaços vazios a texturas, colorações e composições intensas e variadas.

Com informações e texto da Editora Cobogó.

Café História

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