Confira sete projetos que se destacaram no Festival 3i

16 de novembro de 2017

Ideias discutidas em evento de jornalismo independente ocorrido no último final de semana podem contribuir para o campo da divulgação da História.

Bruno Leal | Agência Café História

Aconteceu no último final de semana, 11 e 12 de novembro, no Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), no Rio de Janeiro, o “Festival 3i – Jornalismo Inovador, Inspirador e Independente”, realizado por oito organizações nativas digitais que estão inovando no jornalismo online: Agência Lupa, Agência Pública, Brio Hunter, JOTA, Nexo, Nova Escola, Ponte Jornalismo e Repórter Brasil se uniram ao Google News Lab.

Compareceram ao evento mais de 200 pessoas, entre jornalistas, empreendedores, donos de startups, comunicadores e estudantes. A ideia do Festival 3i era discutir jornalismo alternativo, sustentabilidade, modelos de negócios, tecnologia aplicada ao jornalismo, polarização política nas redes sociais, fake news e fact-checking, favorecendo trocas e reflexões. Para ver, na íntegra, todas as palestras, clique aqui.

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Gregório Duvivier, que apresenta o programa “Greg News”, da HBO, falou no primeiro dia do evento. Foto: Bruno Leal.
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Evento busca inspirar, inovar e discutir o que seria a independência no jornalismo atual. Foto: Bruno Leal.
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Mais de 300 pessoas passaram pelo evento. Foto: Bruno Leal,

Foram realizadas oito mesas no total, quatro em cada dia. Entre os conferencistas, estiveram Paula Miraglia, fundadora do site Nexo, Ivan Mizanuk, editor do podcast Anticast, Carla Jimenez, editora-chefe do El País Brasil, Gregório Duvivier, do Greg News, Cláudia Gurfinkel, do Facebook, Kaique Dalapola, do Ponte Jornalismo, Pedro Dória, fundador da newsletter Meio, entre outros.

Projetos em destaque

O Café História esteve presente nos dois dias do evento e acompanhou com grande interesse todas as mesas. A seguir, indicamos sete projetos na internet que se destacaram ao nosso ver no evento e que podem ser extremamente úteis para os historiadores – tanto com inspiração e modelo para o desenvolvimento projetos digitais em História quanto como fonte de informação pessoal.

Nexo: jornal digital fundado em 2015 com a proposta de atender a todos aqueles que buscam informações contextualizadas sobre fatos do Brasil e do mundo. Não possui publicidade. Sua sustentabilidade financeira tem como base seus assinantes. Sua redação possui mais ou menos 30 pessoas, entre jornalistas, sociólogos, antropólogos, entre outros. Esta interdisciplinaridade está refletida em suas pautas e abordagens, que escapam à cobertura jornalística rápida e trivial do cotidiano.

O Eco: especializado em jornalismo ambiental, “O Eco” é um projeto “antigo” no meio digital, tendo sido fundado em 2004 pelos jornalistas Marcos Sá Corrêa, Kiko Brito e Sérgio Abranches. Foca principalmente em preservação ambiental. Não tendo fins lucrativos, o jornal é financiado por fundações e recebe, por dia, aproximadamente, 12 mil visitas diárias. Fechou o ano de 2017 com a produção de um conjunto de 28 mil reportagens, notícias, ensaios fotográficos, vídeos e podcasts.

Jota: especializado em jornalismo jurídico, mais especificamente tributário. Conta com sete jornalistas na equipe. Está presente em diversas plataformas e produz notícias diariamente. É bastante conhecido no meio jurídico. Cobre as principais decisões, a tendência das turmas e dos tribunais, as correntes de poder e a evolução da jurisprudência construída no dia a dia. Possui mais ou menos 700.000 visitas por mês. Recentemente, realizaram a primeira fase de um projeto especial incrível chamado “Lava Jota”. Trata-se de um banco de dados que reúne milhões de páginas dos processos da Operação Lava-Jato indexadas e permite busca por nomes.

Anticast: é certamente um dos podcasts mais ouvidos do Brasil, com uma média de 30 mil downloads por programa. Foi criado em 2011 por Ivan Mizanzuk (que hoje comanda o podcast), Marcos Beccari e Rafael Ancara. No seu início, falava basicamente sobre design, comunicação e cultura. Hoje, é uma rede de podcasts com os mais variados temas. O Anticast tem trabalhado com os formatos “mesa de bar” (pessoas reunidas para conversar sobre um tema) e “Storytelling” (uma história/personagem guia o programa).

AzMina: define-se como “uma revista online sem fins lucrativos que pretende usar informação para combater os diversos tipos de violência que atingem mulheres e dar ferramentas para que TODAS sejam ainda mais poderosas”. A linguagem do site é bastante moderna e dinâmica, falando principalmente com o público jovem feminino. Tem uma equipe interdisciplinar e já realizou 3 campanhas bem-sucedidas de crowdfunding para financiamento da publicação.

Ojo Público: portal de notícias peruano totalmente digital, especializado em jornalismo político e investigativo. A interface gráfica é bastante moderna, bastante visual. Tem se destacado na cobertura de eleições na América Latina, narcotráfico, refugiados e nos desdobramentos da Operação Lava-Jato em outros países do continente. Suas matérias são longas, profundas e interativas. Aposta bastante em pautas que não são cobertas pela mídia tradicional da qual por vezes se torna fonte.

Ponte Jornalismo: especializado em direitos humanos, justiça e segurança pública, trata-se de um coletivo que expõe, por exemplo, as arbitrariedades ocorridas nos grandes centros urbanos, em especial, em suas áreas periféricas. O fotojornalismo é notório nas narrativas jornalísticas da Ponte. São comuns várias “suítes”, termo usado no jornalismo para se referir à continuidade ou ao desdobramento de notícias ao longo de dias, meses e até anos. Segundo explicam os próprios editores do site: “queremos dar visibilidade a questões que passaram a ser omitidas pela mídia comercial, contar histórias que não estão no dia a dia, levar à sociedade informações sobre o que está silenciado, encoberto e sujo. Histórias como a de José, 17 anos, negro, preso na própria casa por um crime que não cometeu e cujas provas que atestavam sua inocência foram ignoradas pela polícia, pela promotoria e pelo tribunal. Ou a de mais um José, 20 anos, que segundo a polícia, atirou contra a própria cabeça mesmo estando algemado com as mãos para trás. E de tantos outros Josés, Amarildos e Claudias”.


Como citar essa notícia

CARVALHO, Bruno Leal Pastor de. Confira sete projetos que se destacaram no Festival 3i . (Notícia). In: Café História – história feita com cliques. Disponível em: https://www.cafehistoria.com.br/festival-3i/. Publicado em: 16 nov. 2017. Acesso: [informar data].

Bruno Leal

Fundador e editor do Café História. É professor adjunto de História Contemporânea do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB). Doutor em História Social. Tem pós-doutorado em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisa História Pública, História Digital e Divulgação Científica. Também desenvolve pesquisas sobre crimes nazistas e justiça no pós-guerra.

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