Documentário sobre a visão de mundo Ianomâmi está disponível no YouTube 1
Cena do o documentário “A Última Floresta”. Foto: reprodução.

Documentário sobre a visão de mundo Ianomâmi está disponível no YouTube

“A Última Floresta”, do cineasta Luiz Bolognesi, serve como ótimo ponto de partida para quem deseja conhecer a história dos povos Ianomâmi, que vive situação emergencial devido às práticas criminosas do garimpo.
1 de fevereiro de 2023

Atualmente os ianomâmis passam por uma situação emergencial: centenas estão morrendo de desnutrição e malária, consequências diretas do garimpo predatório que recrudesceu nas terras ianomâmis durante o governo Jair Bolsonaro (2018-2022). Lideranças governamentais, indígenas e internacionais já falam em prática de genocídio para se referir a situação.

Para quem busca mais informações sobre a história, as tradições rituais e cosmovisões destes povos indígenas, o documentário “A Última Floresta”, do cineasta Luiz Bolognesi, pode servir como um ótimo ponto de partida. Lançado em 2021 e disponível na íntegra no YouTube, o documentário tem o protagonismo e o roteiro de Davi Kopenawa, escritor, ator, xamã e líder político Ianomâmi. Atualmente, Kopenawa é presidente da Hutukara Associação Ianomâmi, uma entidade indígena de ajuda mútua e etnodesenvolvimento.

Em entrevista ao portal “O Eco”, Bolognesi falou um pouco sobre o seu documentário:

“Hoje os yanomami vivem numa área muito grande, o território Yanomami é a maior reserva indígena do planeta, um território bastante considerável, é uma das áreas do Brasil com seus biomas bastante preservados. Se vocês forem estudar hoje os territórios indígenas, que somam 10% do território brasileiro, a concentração dos biomas conservados está nos territórios indígenas não é à toa. E nos últimos anos ele vem sofrendo – coincide com a entrada do governo Bolsonaro –, uma invasão assombrosa de garimpeiros no seu território, com destruição muito rápida e extremamente violenta dos rios, dos córregos e dos igarapés. O filme não é sobre isso, o filme é sobre o modo de vida dos yanomami, sobre o dia a dia deles, a beleza e potência do universo yanomami, mas também a gente aborda essa questão muito grave. Já era grave quando filmei em 2019 e esse ano está mais grave ainda. Agora os garimpeiros, tanto no território Yanomami quanto no território Munduruku vem inclusive fazendo agressões, causando incêndios e atacando aldeias, matando lideranças indígenas, então a situação é muito delicada, a destruição é muito grande porque vai além do impacto da destruição da floresta da mata. Então é um processo extremamente violento e que tem, na medida em que ele destrói o coração da floresta, a perspectiva de no curto e médio prazo avançar bastante a destruição dessas áreas e a gente sabe que isso está causando, afetando violentamente o processo hídrico do país, da América do Sul como um todo e causando interferências que causam diminuição das chuvas no Centro-Oeste, no Sudeste, a gente está com uma crise hídrica nas usinas hidrelétricas e essa devastação nos últimos rincões que a floresta está preservada é muito grave para todos nós brasileiros.”

Quem são os Ianomâmi

Os ianomâmis (também aceita-se Yanomami) são povos indígenas que habitam há pelo menos mil anos a região da floresta amazônica, na fronteira entre o Brasil e a Venezuela. No Brasil, eles encontram-se distribuídos por aproximadamente 96 mil km², formando a maior terra indígena brasileira. Eles são relativamente isolados, conhecidos por sua cultura rica e diversidade linguística. Ianomâmi significa “seres humanos”, mas eles são bastante conhecidos como “guardiões da mata”.

Bruno Leal

Fundador e editor do Café História. É professor adjunto de História Contemporânea do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB). Doutor em História Social. Tem pós-doutorado em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisa História Pública, História Digital e Divulgação Científica. Também desenvolve pesquisas sobre crimes nazistas e justiça no pós-guerra.

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