Historiadores alemães criam plataforma online para coletar memórias da pandemia do novo coronavírus

7 de abril de 2020
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O objetivo do projeto é disponibilizar um amplo arquivo de experiências para futuras pesquisas históricas. 

Bruno Leal | Agência Café História

Quatro historiadores públicos alemães (saiba o que é “História Pública” aqui) criaram uma plataforma online colaborativa para registrar memórias da vida cotidiana durante a crise provocada pelo novo coronavírus. O objetivo do projeto é disponibilizar um amplo arquivo de experiências individuais e coletivas para futuras pesquisas históricas. 

O “coronarchiv” ja está no ar e permite aos usuários fazer upload de suas memórias, experiências e relatos sobre a vida social durante a pandemia do novo coronavírus. Podem ser enviadas para a plataforma imagens, fotografias, vídeos, arquivos de áudio, textos escritos ou outros tipos de documentos, anonimamente ou não. 

A alemã Elly enviou uma foto com máscaras que mesma fez. E explica: "eu costurei um total 30 máscaras, enviei algumas para a minha irmã e a sua família nos EUA, para minha sogra (ela mora a 200 km de distância) e também enviarei algumas para alguns amigos. O material é feito de sobras de materiais: lençóis velhos, camisas velhas, sobras de tecidos para roupas de crianças. O que não está mais disponível: elástico." Foto: Elly.
A alemã Elly enviou uma foto com máscaras que mesma fez. E explica: “eu costurei um total 30 máscaras, enviei algumas para a minha irmã e a sua família nos EUA, para minha sogra (ela mora a 200 km de distância) e também enviarei algumas para alguns amigos. O material é feito de sobras de materiais: lençóis velhos, camisas velhas, sobras de tecidos para roupas de crianças. O que não está mais disponível: elástico.” Foto: Elly.

Embora ainda esteja no começo, o “Corona Arquivo”(tradução livre para o português) já tem um banco de dados significativo. Há relatos de quarentena gravados com o celular, fotos de locais públicos antes movimentados agora vazios, de prateleiras vazias de supermercados, relatos textuais, desenhos feitos por crianças, vídeos de vizinhos na varanda, entre outros. Cada um desses itens digitais conta uma história da pandemia. 

O “Corona Arquivo” é um projeto de História Pública, mas com forte base na “História da vida cotidiana”, que tem uma longa tradição na historiografia alemã. Esta história acredita que os afazeres das pessoas em seu dia a dia são registros importantes a fim de se conhecer uma época ou as dinâmicas da vida social, política e até mesmo econômica.

Como a surgiu a ideia

O projeto foi criado por quatro historiadores alemães de três universidades diferentes: Christian Bunnenberg, da Universidade em Bochum, Benjamin Roers, da Universidade de Giessen e Nils Steffen e Thorsten Logge, ambos da Universidade de Hamburgo.

Em entrevista ao portal “De Gruyter”, Logge explicou o surgimento do arquivo:

Na parede de uma casa na Großgörschenstraße 28, em Berlim, um grafite diz algo como "tussa na cara dos nazistas". Foto: Barbara Push
Na parede de uma casa na Großgörschenstraße 28, em Berlim, um grafite diz algo como “tussa na cara dos nazistas”. Foto: Barbara Push
Leão da Baviera com máscara. Foto: Neuromancer96.
Leão da Baviera com máscara. Foto: Neuromancer96.

“A ideia de criar uma plataforma para as experiências cotidianas durante a crise do novo corona vírus surgiu durante uma discussão que tivemos no Twitter. Estávamos conversando sobre nossas próprias experiências da pandemia e sobre como as experiências de indivíduos que geralmente não são representados nos livros de história podem se tornar parte de historiografias futuras.”

Software aberto 

O “Corona Arquivo” funciona em Omeka S, um software de código aberto criado pelo Centro Roy Rosenzweig de História e Mídia (RRCHNM), da Universidade George Mason nos EUA. Este software pode ser usado livremente por qualquer instituição, sem custos. O Omega é uma base de dados colaborativa, com inserção de mídias e metadados

Logge explica que o modelo deu certo e, por isso, o “Corona Arquivo” está expandindo:

“Agora estamos estabelecendo parcerias com museus locais e regionais, como o Museu de História de Hamburgo, o Museu de História Médica de Hamburgo, o Museu Estadual de Württemberg e outros que coletam objetos e cultura material da crise. Existe ainda um plano para entregar nossas coleções digitais a esses museus quando o projeto terminar.” 

Como citar esta notícia 

CARVALHO, Bruno Leal Pastor de. Historiadores alemães criam plataforma online para coletar memórias da pandemia do novo coronavírus (notícia). In: Café História – História feita com cliques. Disponível em: https://www.cafehistoria.com.br/memorias-da-pandemia-do-novo-coronavirus/ Publicado em: 7 abr. 2020.

Bruno Leal

Fundador e editor do Café História. É professor adjunto de História Contemporânea do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB). Doutor em História Social. Tem pós-doutorado em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisa História Pública, História Digital e Divulgação Científica. Também desenvolve pesquisas sobre crimes nazistas e justiça no pós-guerra.

12 Comments

  1. Bruno, que tal trazermos essa iniciativa para o Brasil? Acho que muita gente iria se interessar em colaborar e contribuir com relatos e demais materiais. Eu mesmo me disponibilizo a ajudar

    • Gustavo, eu pensei seriamente em replicar o projeto aqui.
      Mas estou em casa com dois recém-nascidos. Tempo escasso demais.
      Eu precisaria aprender a plataforma, criar diretrizes e encontrar servidor.

  2. O planeta estä doente.
    Era assim que devia começar a cronica de um historiador.
    Primeiro temos que fazer uma analize da razao porque estä a Terra doente,e depois refazer o que de menos correto fizemos,para que esta guerra silenciosa onde um imimigo mortifero ronda e mata,umas vezes devagar outras räpido,que separa famìlias,amigos,para guerras,paises e continentes,e as economias mundiais.

  3. Esta pandemia vinca o importancia de sermos independentes,ao termos comida em casa para situaçoes como estas como a que estamos a viver agora.
    Houve linha de transito de 60km e mais de tres dias de espera para se poder atravessar um outro paìs da Uniao Europeia,nao havia nada para comer nem beber,casas de banho,nada daquilo a que estamos abituados no nosso dia a dia.
    Supermercados com falta de produtos essenciais,pessoas a comprarem como se estivessem em uma guerra,acambarcando tudo o que podiam enquanto hä.
    Foi entao que a presidencia europeia pediu para qie os camioes nao estivessem parados como ps carros ligeiros estao nas linhas de transito nas fronteiras entre paìses.
    O forte consumo diärio e a boa sincronia dos serviços de entregas dos produtos,fosse na forma terreste, maritima ou aèrea,nao dava espaço para que se pensasse que um dia o sistema tido como muito funcional no mundo ocidental pudesse um dia colapsal ao ponto de terem de ser os serviços secretos a terem que negociar entre si medicamentos e equipamentos hospitalares,dando azo a autenticos assaltos mesmo dentro dos aeroportos e nos avioes,tal è o desespero de quem governa e nao tem o que precisa nos hospitais.
    O que foi mal feito foi por a nossa independencia na mao dos chineses,e indianos que afora vendem a que mais paga em vez de cumprirem os contratos estabelecidos com que paga.
    O mundo nunca mais voltarä a ser como antes,porque a globalizacao nao quer dizer que se deva meter a producao mundial toda na China,mas que todo o paìs deve de produzir o que precisa para as suas necessidades,nao obrigando um outro paìs a peodutir mais do que deve,originando um foco de poluiçao grabe nesse local onde se produz demais,poluindo tambem demais,ultrapassando a capacidade de regeneraçao da terra nesse local,è por isso que a terra reagiu parando a produçao mundial de bens nao essenciais,por algum tempo para que a terra tire uns dias de fèrias.

  4. Vivo em Munique,aqui nao falta nada mesmo nos hospitais hä de tudo o que è necessärio,sö falta desinfetante,que jä nao hä ä mais de seis semanas,porque nao se consegue produzir o suficiente para a imensa procura dos hospitais,privados e desinfeçao de locais püblicos.
    Munique è um exemplo de organizacao,mas o mesmo nao se passa em outras cidades alemas,mas nada de grave.
    Vivo perto de parques enormes,onde posso ir passear e depois voltar a casa e guardar a quarentena a que sou obrigado,mas a minha liberdade nao estä muito restrita por o surto epidemico nao ser grave por aqui.
    Nao Suiça nao deixam as pessoas com mais de 65 anos ir äs compras,eu faço 65 dentro de alguns dias e acho injusto esta medida,porque ainda nao estou reformado,logo sou produtivo.

  5. Sö para lembrar de que a Historia da Alemanha nao pode ser sö escrita por historiadoes de Hamburgo.
    A Historia è uma janela de como se fez no passado e serve para darmos uma espreitadela de como se reagiu em outras pandemias,porque mesmo medicos e especialistas na area de pestes teem opinioes diferentes de como se devia atuar durante esta pandemia mortal.
    Com isto quero dizer que a opiniao final sö deve de ser firmada quando o ultimo historiador tiver dado a sua opiniao.
    E para que uma Historia seja mesmo um espelho da Historia,devem de ser chamados varios sabios,estudiosos pensadores de outras areas para que se preencham os mais variados pensamentos possìveis.
    Depois disso entao teremos um relato historico capaz de responder a crìticas que possam surgir.

  6. As pessoas que vivem nas fronteiras da Alemanha,Austria e Suiça e que umas vezes trabalham em um paìs e vivem no outro,ficaram famìlias separadas de um dia para o outro e veem atravès das vedaçoes que foram postas para impedir a propagaçao do vìrus.
    Desde ontem que a quarentena acabou na Austria,mas continua nos outros paìses vizinhos.
    Estas situaçoes sö sao conhecidas durante as guerras.
    A propagaçao do vìrus na europa deve-se a uma forma de cultura a que cada um de nös luta contra que è a utilizaçao de mascara nos lugares publicos,nös europeus nao queremos mostrar obediencia aos governantes,por vivermos em democracia e onde foram adquiridos muitos direitos de liberdades individuais,logo achamos que nao precisamos de usar mascara como os chineses usam para constipaçoes.

  7. A situaçao è muito grave,o meu patrao estä em como desde ä ums dias,porque decidiu trabalhar em vez de ficar em casa,agora estä em perigo de vida.
    Um americano veio em visita aqui e foi ä igreja,todos os que estavam perto dele ficaram infetados,14.
    As pessoas jä começam a compreender de que o perigo è real e que sö atravès do isolamento se pode evitar a morte.
    Tenho tudo em casa para viver,mas de vez em quando vou ao supermercado para ver se hä desinfetante,nao hä,vou de mascara e luvas,sou logo visionado por todos,principalmente pela caixa,que mete logo luvas e fica ä distancia,ora isto devia de ser o contrario,mas as mentalidades aimda nao estao preparadas para isto,sö os asiaticos teem as mascaras ppr cultura e acham bem os mascarados.
    Com o tempo vejo que cada vez mais pessoas teem mascaras,este vìrus è mortìfero,nao perdoa.

  8. Eu queria dizer coma,em vez de como.
    As minhas desculpas pelos erros,è que tenho teclado alemao e nem sempre consigo corrigir.

  9. Para a Histöria ficam coisas muito interessantes que ninguèm pensaria ser possìvel acontecer.
    O papel higiènico desapareceu das prateleiras dos supermercados,porque se pensava que o vìrus provocava diareia,as pessoas compravam todos os que podiam,digo compravam,porque jä nao compram tanto.
    Mas o que era impensävel aconteceu,as bicicletas desapareceram todas de um grande supermercado,foi tudo,nem os acessorios escaparam.
    Mas porque bicicletas?porque jä faz um mes que dura a quarentena e as pessoas que nao trabalham nao podem guiar carros sem um motivo forte,mas podem andar de bicicleta,entao foi uma corridas äs duas rodas.
    Hä imensos parques em Munique,pode-se andar muitas horas e dias por cada um deles e encontra-se sempre mais um novo caminho.
    O rio Isar,que banha a cidade,tem caminhos nas suas margens que permitem sempre uma boa pedalada em que toda a sua extensao.
    Veem-se bicicletas por todo o lados,porque mesmo nos campos hä pequenas estradas asfaltadas para que se possa disfrutar do bom clima que atualmente existe.
    O inverno este quase nao existiu,apenas quatro dias de neves e pouco tempo abaixo de zero.
    O normal è meio metro de neve por dois meses e abaixo de zero por tres meses,este anos nada disso aconteceu.
    O mundo nunca mais vais ser o mesmo,a diversidade desmultiplica-se cada vez mais e serä sempre uma constante nos nossos dias futuros para que a rotina nao nos tome,para que a nossa criatividade seja sempre e sempre superada pela pröxima geraçao.

  10. O que mudou tambem por causa do fecho dos restaurantes e hoteis è a falta de farinha e fermento nos supermercados.
    Andavamos a navegar numa direçao e agora tivemos de nos reencontrar e voltar para träs como nos tempos em que nao tinhamos dinheiro para ir aos restaurantes.
    Mesmo jä passado mais de um mes do inìcio da quarentena,ainda nao hä desinfetante nos supermercados.
    O resto jä mudou tudo,como no caso dos medicamentos base,que vinham da China e da Ìndia,sim è verdade que a Alemanha estava dependente destes dois paìses para fabricar medicamentos,isso mudou,afora a industria alema comecou a fabricar os seus proprios produtos para esse fim ,assim como as mascaras e aparelhos de respiraçao,começou tudo a ser fabricado em casa,para nao se estar dependente de tal produto estratègico na mao de estrangeiros podendo por em causa a independencia de um paìs.
    Mas foi a ganancia de ganhar muito dinheiro que se foi deslocar industrias fundamentais da industria nacional na mao de potenciais inimigos,podendo usar esse poder para dominar,e foi mesmo isso que aconteceu em muitas ocasioes,que nem mesmo um contrato formado valeu a entrega dos produtos,foi preciso a Frau Merkel telefonar ao presidente chines para que o carregamento chegasse ao seu destino.
    Pois agora nao vai falhar,porque nal existe mais esse possibilidade e os chineses perderam um grande cliente por nao terem sido fieis nos negocios

  11. O impensävel aconteceu,a Oktoberfest que existe 12 anos antes da independencia do Brasil,1810,foi anulada devido ao covid19.
    E um duro golpe na economia do estado bavaro e de quem cä vive.
    Sao os aeroportos,transportes,hoteis,restaurantes e o comercio em geral.
    È a maior festa do mundo,visitada por cerca de sete milhoes de pessoas em duas semanas,visitada por gente do mundo inteiro,atores,jet set e por gente conhecida que se quer mostrar,uma feira de mostrar gente a uma dimensao megalomana,que bebe sete milhoes de cerveja em quinze dias.
    Os hoteis dobram o preço das estadias,os restaurantes fazem o mesmo com o preço da cerveja.
    Que pena que tenha sido anulada a cinco meses do seu inìcio,porque a sua construçao,dos pavilhoes,demora meses.
    Por este cenärio podemos ver a quanta certeza teem os tècnicos de saüde que o vìrus nao vai desaparecer do nosso cotidiano tao cedo.
    Ainda nao hä desinfetante nos supermercados.

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