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Ato público contra as demissões no CPDOC/FGV acontece na próxima segunda-feira no Rio

Aberto ao público acadêmico e não acadêmico, o ato é organizado por alunos da graduação e da pós-graduação, em parceria com a Associação de Funcionários da FGV, o Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro e a UERJ.

Ana Paula Tavares | Agência Café História

As demissões das historiadoras Luciana Heymann, Dulce Pandolfi, Verena Alberti e Mônica Kornis do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC/FGV) ainda repercute no meio acadêmico. Um ato contra as demissões acontece na próxima segunda-feira, dia 19/02, no primeiro piso da sede da instituição, localizada na Praia de Botafogo, 190, no Rio de Janeiro. O evento contará com panfletagem, confecção de cartazes e carro de som, trazido pelo Sinpro-Rio. Às 11h ocorre a concentração e às 12h o início do ato. Aberta a todos, a manifestação, intitulada “Porque aqui tem História”, é organizada pelos alunos da graduação em Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em História, Política e Bens Culturais. Também participarão do ato contra as demissões no CPDOC a Associação de Funcionários da FGV (ASFGV) e o Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro (Sinpro-Rio) e a UERJ.

Arte de divulgação do ato, que acontece na próxima segunda-feira, dia 19 de fevereiro de 2018.

Com um trabalho amplamente reconhecido no campo da História e das Ciências Sociais no Brasil, Heymann, Pandolfi, Alberti e Kornis foram demitidas com um espaço médio de uma semana entre uma e outra desde o início de janeiro deste ano. A justificativa alegada: cortes de orçamento devido a dificuldades financeiras. Para o jornal O Globo, no entanto, a FGV enviou nota alegando que “ignora qualquer crise”.

As circunstâncias das demissões também são motivo de polêmica. A demissão das quatro pesquisadoras pegou parte do corpo docente da instituição de surpresa – eles encaminharam à direção um pedido de revisão das decisões e de esclarecimentos, mas não obtiveram resposta (ao menos, de forma coletiva e oficial). A forma como foram conduzidos os desligamentos parece desconsiderar tanto a relevância das professoras para a produção de conhecimento no país, como o longo tempo de casa – Pandolfi entrou para o CPDOC em 1978, Alberti em 1981 (como estagiária), Heymann em 1986 e Kornis em 1991.

A escolha dos “cortes” de pessoal ficou pouca clara também para os alunos. Há pouco mais de um ano, Heymann deixou o cargo de coordenadora de pós-graduação após conduzir o programa por quase todo o período de avaliação da CAPES – que resultou no aumento da nota do curso. Pandolfi foi demitida no mesmo dia em que foram abertas as inscrições em disciplinas para o primeiro semestre da pós-graduação – a disciplina “História, Ditadura e Democracia: novas abordagens” que ela ministraria ainda constava no sistema (e no site). As quatro pesquisadoras parecem ter ainda orientações de mestrado e doutorado em andamento.

Sede da Fundação Getúlio Vargas, na Praia de Botafogo, no Rio de Janeiro. Foto: Google Maps.

A falta de diálogo com a direção do CPDOC e a presidência da FGV têm gerado um clima de insegurança quanto ao futuro do Centro de Pesquisa e os cursos da área. Além do ato marcado para o próximo dia 19 de fevereiro, no Rio de Janeiro, uma petição foi organizada “Contra a destruição do CPDOC/FGV: pela readmissão das professoras”, e já conta com 2.861 assinaturas. Confira aqui.

Mulheres que fazem história

Após o ato do dia 12.03, ainda será realizado na UERJ, às 14h, o encontro “Mulheres que fazem História”, com palestras das quatro professoras, em homenagem a elas e como celebração do dia da mulher. A realização deste evento é uma parceria entre os cursos de Educação e História da UERJ, da graduação em História e Ciências Sociais (DAHCS) e dos alunos da pós-graduação em História, Política e Bens Culturais da FGV.

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