Descubra os temas, cidades e locais de todas as edições do Simpósio Nacional de História da Anpuh

2 de agosto de 2017

Preparamos uma tabela com as principais informações de todos as 29 edições do evento.

Por Bruno Leal | Agência Café História

Antes mesmo do encerramento do XXIX Simpósio Nacional de História, realizado entre os dias 23 e 27 de julho de 2017, na Universidade de Brasília, a Associação Nacional de História, a Anpuh, principal órgão representativo dos historiadores no Brasil, revelou o lugar da próxima edição nacional do evento, a ser realizada em 2019: Recife, Pernambuco. Será a trigésima edição do maior evento de História do país. Pensando nesta marca especial, o Café História foi buscar algumas informações sobre as edições anteriores. Tal busca partiu de algumas curiosidades: esta é a primeira vez que o SNH será realizado em Recife? Quais foram os temas das edições passadas? Onde foram as demais edições? Em quais anos?

O Simpósio Nacional de História da Anpuh

O I Simpósio Nacional de História da Anpuh foi realizado ainda em 1961, ano de sua fundação, na cidade de Marília, na antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Marília, atual UNESP. Ele contou com conferências de Pedro Calmon e Michel Mollat, entre outros renomados historiadores da época. Sérgio Buarque de Holanda era o Secretário-Geral daquela primeira diretoria, presidida por Eremildo Luiz Vianna.

A realização dos simpósios em seus primeiros anos foi irregular. O primeiro e o segundo aconteceram em 1961 e 1962; já o terceiro, previsto para 1963 no Ceará, acabou sendo realizado dois anos depois em Franca, São Paulo. Só a partir de 1975, a realização dos simpósios regularizou-se na periodicidade bienal que temos hoje. A primeira mulher a assumir a presidência da instituição foi Alice Piffer Caftabrava, em 1979, 18 anos após a sua criação. Mas as mulheres vieram com força. Entre 1961 e 2017, a Anpuh teve 9 presidentas e 11 presidentes – já contando com o nome de Joana Maria Pedro, professora da UFCS que acaba de assumir a presidência nacional referente ao período 2017-2019.

No XI Simpósio, em 1981, começamos a ver historiadores que são hoje bastante conhecidos no meio acadêmico, muitos dos quais aposentados há alguns anos e alguns que estão ainda na ativa – Francisco Falcon, Ismênia de Lima Martins, Antônio Edmilson Rodrigues, Ciro Flamarion Cardoso, Raquel Glezer, Maria Yeda Linhares, apenas para citar alguns nomes. Só em 1983, no XII Simpósio, realizado na cidade de Salvador, na UFBA, o evento toma a cara que tem hoje: cursos, conferências, mesas-redondas e comunicações livres. Neste ano, a propósito, surgem trabalhos com uma “pegada” completamente nova, como o trabalho “Quadrinhos, História e Modo de Produção Capitalista”, apresentado pelo pesquisador Enrique Serra (UFRGS).

A edição de 1991, realizada no Rio de Janeiro, na UERJ, foi uma das mais significativas. Aquele encontro marcava transformações de alto impacto na política (fim do Socialismo Real), maturidade da Anpuh (que comemorava 30 anos) e mudanças que incidiam fundo no ofício, conforme deixa transparecer um dos textos dos anais daquele ano:

Alguns historiadores colocaram em xeque vertentes sacralizadas da teoria marxista e heranças do chamado Grupo dos ‘Annales’. Outros ‘inspiraram-se’ nos textos de E. P. Thompson, E. Hobsbawm, François Furet, J. LeGoff e G. Duby a fim de delimitarem os objetos de suas investigações teórico-empíricas. Numa outra perspectiva metodológica, muitos historiadores privilegiaram como paradigmas de suas reflexões obras escritas pelos filósofos da chamada Escola de Frankfurt – W. Benjamin, T. W. Adorno, Habermas – ou por Michel Foulcaut, H. Arendt, C. Lefort. Pode-se constatar, em linhas gerais, uma certa tendência no sentido de inserir a História como o ponto nodal das pesquisas de colorações inter ou multidisciplinares.

Esse clima iria longe, com reverberações nas duas edições seguintes do evento: “História e Utopias”, tema do SNH de 1993, e “Historia e Identidades”, em 1995.

Em 1997, a Anpuh já era gigantesca. “Aproximadamente 2.300 pessoas se inscreveram para participar, somando público ouvinte e pesquisadores que apresentaram trabalhos. Deste total, 2.000 efetivamente compareceram às atividades do Simpósio. Quanto aos trabalhos, as inscrições chegaram a 1.600, somando conferências, mesas-redondas, comunicações e cursos, sendo que algo em tomo de 1.400 foram apresentados de fato”, registrou o texto de introdução dos anais daquela edição, realizada em Belo Horizonte, na UFMG. Em 2001, os anais foram oferecidos pela primeira vez em CD-Rom e na internet. E a partir de 2011, a instituição passou a elaborar um site para cada edição do evento e deixaram de publicar os anais como um caderno único.

Algumas curiosidades rápidas

Brasília sediou o SNH duas vezes, em 1987 e em 2017. Trinta anos cravados de diferença entre uma edição e outra. Pernambuco, sede da próxima edição, sediou o evento em 1995. Apenas em sete ocasiões o Simpósio foi realizado em uma cidade que não era capital: Marília (1961), Franca (1965), Campinas (1971), Niterói (1979 e 2001), Londrina (2005) e São Leopoldo (2007). São Paulo foi o estado que mais recebeu o SNH: cinco vezes. Mas a capital do estado mesmo, onde está a sede da Anpuh, teve que esperar bastante, até 1995 – e repetiu o feito em 2011, quando a entidade completava 50 anos.

Quer saber mais? Então confira a tabela abaixo. E vê se dá aquela ajuda: não conseguimos descobrir o tema da Anpuh de 1983, em Salvador. Você sabe qual foi? Diga nos comentários! E mais, você é “Anpuhseiro” veterano? Participou de quantas Anpuhs? Quais? Tem alguma memória especial? Compartilhe conosco!

Edição Ano Cidade Local Tema Presidente Anais
 

I

 

 

1961

 

Marília

 

UNESP

História Antiga e Medieval; Moderna e Contemporânea, América, matérias auxiliares, pedagogia, especialização e currículo  

Eremildo Luiz Viana

 

Aqui

 

II

 

 

1962

 

Curitiba

 

UFPR

 

A propriedade e o uso da terra

 

Eremildo Luiz Viana

 

Aqui

 

III

 

 

1965

 

Franca

 

UNESP

 

O artesanato, manufatura e história + Fontes primárias para a história

 

Eurípides Simões de Paula

 

Aqui

 

IV

 

 

1967

 

Porto Alegre

 

UFRGS

PUC

 

Colonização e Migração

 

Eurípides Simões de Paula

 

Aqui

 

V

 

 

1971

 

Campinas

 

PUC

 

Portos, Rotas e Comércio

 

Eurípides Simões de Paula

 

Aqui

 

VI

 

 

1973

 

Goiânia

 

PUC

UFG

 

Trabalho livre e trabalho escravo

 

Eurípides Simões de Paula

 

Aqui

 

VII

 

 

1974

 

Belo Horizonte

 

UFMG

 

A cidade e a história

 

Eurípides Simões de Paula

 

Aqui

 

VIII

 

 

1975

 

Aracajú

 

UFS

 

 

Propriedade Rural

 

Eurípides Simões de Paula

 

Aqui

 

IX

 

 

1977

 

Florianópolis

 

UFSC

 

O homem e a técnica

 

Eurípides Simões de Paula

 

Aqui

 

X

 

 

1979

 

Niterói

 

UFF

 

O Estado e a sociedade

 

Alice Piffer Caftabrava

 

Aqui

 

XI

 

 

1981

 

João Pessoa

 

UFPB

 

História, Historiografia, Historiador

 

Alice Piffer Caftabrava

 

Aqui

 

XII

 

 

1983

 

Salvador

 

UFBA

 

Não localizado.

 

José Ribeiro Júnior

 

Aqui

 

XIII

 

 

1985

 

Curitiba

 

UFPR

 

Sociedade e trabalho na história

 

Déa Ribeiro Fenelon

 

Aqui

 

XIV

 

 

1987

 

Brasília

 

UnB

 

Cultura e Sociedade

 

Caio César Boschi

 

Aqui

 

XV

 

 

1989

 

Belém

 

UFPA

 

História, Terra e Poder

 

Raquel Glezer

 

Aqui

 

XVI

 

 

1991

 

Rio de Janeiro

 

UERJ

 

História em debate: problemas, temas e perspectivas

 

Arnaldo Daraya Contie

 

Aqui

 

XVII

 

 

 

1993

 

São Paulo

 

USP

 

História e Utopias

 

Afonso Carlos Marques dos Santos

 

Aqui

 

XVIII

 

 

1995

 

Recife

 

UFPE

 

História e Identidades

 

Holien Gonçalves Bezerra

 

Aqui

 

XIX

 

 

1997

 

Belo Horizonte

 

UFMG

 

História e Cidadania

 

Ismênia de Lima Martins

 

Aqui

 

XX

 

 

1999

 

Florianópolis

 

UFSC

 

História: fronteiras

 

Lana Lage

 

Aqui

 

XXI

 

 

2001

 

Niterói

 

UFF

 

História no Novo Milênio: entre o individual e o coletivo

 

Zilda Márcia Gricoli Iokoi

 

Aqui

 

XXII

 

 

2003

 

João Pessoa

 

UFPB

 

 

História, acontecimento e narrativa

 

Edgar Salvadori De Decca

 

Aqui

 

XXIII

 

 

2005

 

Londrina

 

UEL

 

Guerra e Paz

 

Luis Carlos Soares

 

Aqui

 

XXIV

 

 

2007

 

São Leopoldo

 

UNISINOS

 

História e Multidisciplinaridade: territórios e deslocamentos

 

Eni de Mesquita Samara

 

Aqui

 

XXV

 

 

2009

 

Fortaleza

 

UFC

 

História e Ética

 

Manoel Salgado Guimarães

 

Aqui

 

XXVI

 

 

2011

 

São Paulo

 

USP

 

Comemorações

 

Durval Muniz de Albuquerque Júnior

 

Aqui

 

XXVII

 

 

2013

 

Natal

 

UFRN

 

Conhecimento histórico e diálogo social

 

Benito Bisso Schmidt

 

Aqui

 

XXVIII

 

 

2015

 

Florianópolis

 

UFSC

 

Lugares dos historiadores: velhos e novos desafios

 

Rodrigo Patto Sá Motta

 

Aqui

 

XXIX

 

 

2017

 

Brasília

 

UnB

 

Contra os preconceitos: história e democracia

 

Maria Helena Rolim Capelato

 

Aqui

 

XXX

 

 

2019

 

Recife

 

UFRPE e UFPE

 

A definir

 

Joana Maria Pedro

 

Breve

Bruno Leal

Fundador e editor do Café História. É professor adjunto de História Contemporânea do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB). Doutor em História Social. Tem pós-doutorado em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisa História Pública, História Digital e Divulgação Científica. Também desenvolve pesquisas sobre crimes nazistas e justiça no pós-guerra.

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