Dicas de livros: janeiro de 2015

7 de janeiro de 2015
Monções e Capítulos de Expansão Colonial | Sérgio B. de Holanda | Cia das Letras | 2014 | 203/420 pp.

Dicas de livros: janeiro de 2015 1Para deleite dos historiadores, a Companhia das Letras acaba de publicar a quarta edição de um dos muitos clássicos de Sérgio Buarque de Holanda: “Monções”. O livro, publicado pela primeira vez em 1945, marca a entrada do autor no campo historiográfico convencional. Até ali, os trabalhos do historiador eram estilisticamente mais próximos do ensaio. Em “Monções”, que agora em 2015 completa 70 anos de existência, Sérgio Buarque conta a história das expedições ao interior do Brasil Colônia e do processo de adaptação dos portugueses ao território americano. Muito além dos fatos, o livro leva o leitor a conhecer pessoas, objetos, projetos de futuro, cenários naturais e tudo mais que envolve o espírito de um tempo. Nesta nova edição, o livro é publicado ao lado de uma coletânea com organização inédita, intitulada “Capítulos de Expansão Paulista”, que dá continuidade a obras inacabadas do autor, tais como “Capítulo de Literatura Colonial” e “Capítulos de História do Império”. Nestes dois livros, destaque para o enorme cuidado com a edição. Ambos são bem ilustrados, e não só por fotos, mas por livros comentados à mão por Sérgio Buarque de Holanda, cartões-postais, cartas, quadros à óleo e outros itens do acervo do autor que enriquecem e muito a leitura. A dobradinha de Companhia das Letras tem organização de Laura de Mello e Souza e André Sekkel Cerqueira. Clique aqui para saber mais e ler um trecho.

Aposta em Teerã | Luiz Felipe Lampreia | Objetiva | 2014 | 152 pp.

Dicas de livros: janeiro de 2015 2Desde a década de 1980, pelo menos, as principais potenciais ocidentais tentam negociar com o Irã um acordo que impeça que o país de avançar no terreno do armamento nuclear. A negociação nunca obteve o êxito esperado pela coalisão ocidental, que tinha e tem à frente os Estados Unidos. Em 2010, porém, o otimismo de todos parecia chegar ao fim. Foi aí que Brasil e Turquia tentaram uma última cartada antes que o Conselho de Segurança nas Nações Unidas impusesse rígidas sanções ao governo iraniano. No caso do Brasil de Lula, a manobra, baseada no histórico de boas relações com o Irã, tinha como um dos maiores motivos a busca por um lugar de maior destaque no plano da diplomacia internacional. Em “Aposta em Teerã – O Acordo Nuclear entre Brasil, Turquia e Irã”, o diploma-ta e sociólogo Luiz Felipe Lampreia, ex-ministro das Relações Exteriores de Fernando Henrique Cardoso entre 1995 e 2001), conta como foi arquitetado o plano do governo brasileiro e turco para este fim. Lampreia, no entanto, sinaliza, desde o início, que a missão diplomática comandada por Celso Amorim, apesar de ter uma motivação genuína, esteva fadada ao fracasso desde o início. “Não tínhamos o que o ministro Ramiro Guerreiro costumava se referir como ‘excedente de poder’ para realizar uma tarefa de tal impacto internacional”, sublinha o autor. Para saber mais sobre o livro e ler gratuitamente um trecho, clique aqui.

Criações Compartilhadas | Ana Paula Cavalcanti Simioni, Cláudia de Oliveira, Joëlle Rouchou e Monica Pimenta Velloso| Mauad X | 2014 | 272 pp.

Dicas de livros: janeiro de 2015 3O tema da autoria da produção artística e intelectual concebida como atividade coletiva é o centro das discussões do livro “Criações Compartilhadas: artes, literatura e ciências sociais”, coletânea interdisciplinar recém publicada pela editora Mauad X/FAPERJ e organizada pelas pesquisadoras Ana Paula Cavalcanti Simioni, Cláudia de Oliveira, Joëlle Rouchou e Monica Pimenta Velloso. Reunindo textos de pesquisadores brasileiros e estrangeiros que abordam o processo criativo em sua dimensão relacional e colaborativa esta obra traz, de acordo com a pesquisadora Maria Lucia Bueno Ramos (UFJF/EHESS), “reflexões sobre diferentes exemplos de parcerias artísticas e intelectuais, moldadas no ambiente afetivo ou no meio profissional.” A obra divide-se em três partes: “criações compartilhadas nas artes; “criações compartilhadas na literatura, teatro e imprensa” e “criações compartilhadas nas ciências sociais”. Além disso, do ponto de vista editorial o livro possui um acabamento bastante interessante. Ele foi impresso em papel couchê mate 115/m2 (brilhoso e mais denso). Ele fica mais pesado que o convencional e reflete mais a luz do ambiente. Por outro lado, valoriza muito mais as imagens, o que é essencial para um livro que se propõe discutir arte. Se você qui-ser saber mais sobre esse lançamento, inclusive como comprar, clique aqui.

Bruno Leal

Fundador e editor do Café História. É professor adjunto de História Contemporânea do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB). Doutor em História Social. Tem pós-doutorado em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisa História Pública, História Digital e Divulgação Científica. Também desenvolve pesquisas sobre crimes nazistas e justiça no pós-guerra.

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