Beethoven e o Brasil no tempo presente

17 de maio de 2017

Nova biografia de Beethoven e reflexões sobre o Brasil do tempo presente estão entre as nossas dicas e lançamentos de livros de maio de 2017.

Da Redação

Dois lançamentos, duas editoras, duas obras com capas duras: “Beethoven – angústia e triunfo”, de Jan Swafford, nova biografia do músico Ludwig van Beethoven (1770-1782), e “O Brasil no contexto 1987-2017”, reflexões originais organizadas pela Editora Contexto em suas três décadas no mercado editorial, estão entre as nossas dicas de livros neste mês de maio. Confira!

SWAFFORD, Jan. Beethoven – angústia e triunfo. Barueri: Amarilys, 2017.

O leitor do Café História já sabe o quanto gostamos dos lançamentos da Editora Amarilys. E não é para menos. Os livros desta simpática editora possuem capas duras, folhas coloridas, belas traduções, grandes temas, índices remissivos e um belo trabalho geral de editoração. O seu mais recente título não foge ao padrão: “Beethoven – angústia e triunfo”, de Jan Swafford, tem todas essas qualidades. Nesta nova biografia sobre o conhecido compositor alemão, pertencente ao período de transição entre o Classicismo e o Romantismo, conhecemos o trabalho de mais de uma década de pesquisa feita pelo autor. Swafford discute com erudição e de forma acessível diversos momentos marcantes da vida de compositor, utilizando-se para isso de fontes até então bem pouco exploradas. “Este livro é uma biografia de Beethoven, do homem e do músico, não do mito”, sublinha Swafford.

Beethoven e Música
Música e Brasil estão nos nossos lançamentos do mês.

É curioso notar, porém, o modo como o autor parece compreender o trabalho do biógrafo. Na introdução da obra, Swafford afirma: “no que diz respeito à história e à biografia, acredito que me submeter ao fato objetivo é, apesar de todas as suas limitações, o próprio sentido da disciplina”. Então, onde entraria a interpretação? Para o autor, a interpretação “vem em um segundo lugar – e, para mim, um segundo lugar distante. Uma biografia é principalmente a narrativa de uma vida, não uma interpretação dela”.

Essas palavras causam certa estranheza aos historiadores, sobretudo àqueles familiarizados com as mudanças que o gênero biográfico sofreu nos últimos anos e do próprio estatuto da História. Toda escrita da História – conforme nos lembra Michel de Certeau – está ancorada em uma série de lugares sociais que conformam a maneira como organizamos e significamos o passado, seus personagens e fatos. Estes, por sinal, nunca estão prontos e apenas esperando por nós. Toda seleção de fontes, toda escolha de fatos que devem ser considerados, todo aspecto do discurso é em si um ato de interpretação. A escrita, diz Certeau, não é um ponto de partida, mas de chegada.

A despeito desta percepção um tanto ingênua da escrita biográfica, a obra de Swafford tem sido reconhecida por onde passa pela competência e clareza. Leu o livro? Compartilhe conosco o que achou no espaço dos comentários. Quer saber mais sobre a obra, inclusive, como comprá-la? Clique aqui.

Nascido em 1946, Jan Swafford é um premiado compositor, musicólogo, professor e escritor. Suas obras musicais já foram executadas por grandes orquestras, incluindo as de St. Louis, Vermont, Harrisburg e a Filarmônica da Rádio da Holanda. Na escrita, é autor de respeitadas biografias de ícones da música clássica; seu trabalho sobre Brahms (Johannes Brahms: A Biography) foi um dos livros notáveis de seu ano, segundo o The New York Times; “Charles Ives: A Life with Music” foi finalista do prestigiado prêmio do National Book Critics Circle e ganhou o PEN/Winship Award. Além destes e de “Beethoven: angústia e triunfo”, Swafford escreveu “The Vintage Guide to Classical Music”. O estudioso colabora com a NPR (rádio pública de Nova York) e seus textos críticos sobre música aparecem também em publicações como Slate, The Guardian, Gramophone, entre outros. Formado em Harvard e em Yale, atualmente Swafford é professor de História da Música, teoria e composição musical no Boston Conservatory.

PINSKY, Jaime. O Brasil no contexto – 1987-2017. São Paulo: Contexto, 2017.

Em 2017, a Editora Contexto completa três décadas de existência (parabéns!). Criada em 1987 por Jaime Pinsky, a editora se propõe a ousada missão de promover a circulação do saber. E o objetivo tem sido atingido. Basta dar uma olhada nos números. Nesses últimos trinta anos, a editora publicou centenas de livros, escritos por mais de 1.500 autores. Tudo com muita qualidade. Para celebrar a data, a Contexto acaba de publicar “O Brasil no contexto – 1987-2017”, organizado por Pinsky e que conta com 17 autores da editora, gente como Milton Leite, Milton Blay, Leandro Karnal, Ana Scott, Arlete Salvador, entre outros tantos que ajudam a pensar o Brasil dos últimos trinta anos no campo da economia, do jornalismo, do esporte, das mulheres, dos negros, da política externa, da violência, entre outros campos fundamentais. Para saber mais sobre o livro, clique aqui.

Bruno Leal

Fundador e editor do Café História. É professor adjunto de História Contemporânea do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB). Doutor em História Social. Tem pós-doutorado em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisa História Pública, História Digital e Divulgação Científica. Também desenvolve pesquisas sobre crimes nazistas e justiça no pós-guerra.

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